terça-feira, 29 de julho de 2008

Uma cultura saudável ...

Quem canta a música são adultos, mas as dançarinas, são crianças. O refrão diz: crééééééu, e a mamãe se orgulha em ver a pequena filha fazendo a coreografia junto das amiguinhas no seu aniversário de oito anos. E quem não se orgulharia? Afinal, a filhinha linda dançava exatamente como o novo ícone de beleza e inteligência do Brasil, a mulher melancia!

Lembro-me da minha infância, onde tanta coisa era dita para que as crianças aprendessem a comer frutas e verduras... Sem sucesso.. As belas historinhas, como a "do menino fraquinho que não comia verdura, e de tão fraco, o vento o levou para uma caverna que comia crianças fracas", não convenciam. Era necessário inovar! A nossa geração se frustrou quanto a isso, porém, nada que os intelectuais do funk brasileiro não viessem a obter êxito anos depois.

O primeiro passo já foi dado. Os adultos já se conscientizaram a respeito de uma alimentação mais saudável, e em qualquer boteco de esquina o que se ouve são marmanjos dizendo que adorariam comer a "melancia", e assim, a mulher melão, moranguinho e jaca também ganharam forças! Nas escolas, os alunos impacientes cantam e dançam a música do créu na fila da merenda. Como nem tudo é perfeito, claro que isso trouxe alguns contratempos, como casos onde pais de família com vontade de ter uma melancia em casa, passam a rejeitar os maracujás enrugados que antes, comiam todo dia.

O próximo passo da grande estratégia, será lançar as mulheres vegetais! Os brasileiros estão ansiosos para ver a mulher quiabo dançando ao lado da mulher agrião, e o MC Rabanete cantando créu nos vegetais, provando que mal hábitos como o de comer apenas carne (dos tempos da antiga eguinha pocotó), já ficaram pra trás.

Nós, como meros espectadores e consumidores passivos de tudo isso, apenas agradecemos a todas essas mentes brilhantes pela inovação, sem esquecer da mídia, que sempre é fiel em colocar no topo da fama aqueles que o povo aplaude e que são os maiores exemplos para nossas crianças. Ficamos felizes também, em constatar que as músicas que mais ouvimos, são também as que crianças mais gostam, o que prova o grau de maturidade das mesmas, pois com média de oito anos, desenvolveram uma intelectualidade tão brilhante quanto a de nós adultos, que também privamos por uma alimentação mais saudável.

Assim como crianças, seguimos cegamente o que nossos ícones orientam, pois não fomos nós que regredimos, e sim as crianças que cresceram! E afinal, os palhaços sempre existem porque o público paga ingresso para ir ao circo.

HuMano Tchélo

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